Sábado, Junho 14, 2025
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Cristina Fernández, vítima da “guerra jurídica” regional

Buenos Aires, 11 de jun (Prensa Latina) A pena de prisão e a proibição política contra a ex-presidente Cristina Fernández são "mais uma página da guerra jurídica desencadeada na região contra líderes populares", afirmou hoje o escritor e jornalista argentino Héctor Bernardo.

“Neste caso, na Argentina, ela está sendo dirigida contra o principal líder da oposição ao governo de Javier Milei e líder do Partido Justicialista. É a crônica de um fracasso anunciado”, disse o professor da Universidade Nacional de La Plata à Prensa Latina.

“A perseguição político-midiática-judicial contra o peronismo é história em nosso país. O judiciário é cooptado por poderes econômicos locais e internacionais e responde a esses interesses”, explicou Bernardo.

Por isso, assim como aconteceu com Lula no Brasil e Correa no Equador, Cristina está sendo condenada na Argentina sem provas, a fim de impedi-la de participar das próximas eleições legislativas. “É uma decisão que fere profundamente a democracia”, alertou o analista.

Sebastián Halperín, sociólogo da Universidade de Buenos Aires e analista de opinião pública, acredita que a condenação de Cristina representa “um problema para o Governo Nacional, em grande parte porque queria confrontá-la nas urnas e, assim, validar a derrota do kirchnerismo”, disse à Prensa Latina.

“Isso complica de certa forma a situação, além de tudo o que representa como desafio para um governo que vem apresentando a organização de rua como um de seus trunfos.

Agora, há apelos à mobilização de vários setores”, observou, citando, como exemplo, os distúrbios cometidos ontem à noite contra as sedes do Canal 13 e do Todo Noticias.

“Isso, obviamente, é um problema para o Governo Nacional, que recentemente teve dificuldades com as marchas de aposentados, graves agressões a jornalistas e outros atos de violência”, acrescentou o mestre em Ciência Política pela Universidade de Barcelona.

Hoje, o governo de Milei, por meio do Ministério da Segurança, chefiado por Patricia Bullrich, realizou uma operação impressionante com policiais de três forças policiais — a Municipal, a Nacional e a Naval — bloqueando oito quarteirões e avenidas ao redor do Congresso Nacional, antes da esperada marcha massiva realizada todas as quartas-feiras por aposentados, aos quais se juntarão diversas organizações.

Por outro lado, o Padre Paco Olivera, figura de destaque nas reivindicações e na defesa dos mais pobres, também foi às ruas para expressar seu apoio a ex-dignidade.

Incentivado pelos manifestantes, o “Sacerdote dos Pobres”, como é conhecido, improvisou uma espécie de púlpito na escadaria externa de um prédio próximo à casa de Cristina, no bairro de Constitución, em Buenos Aires, de onde proferiu uma breve mensagem.

“Eles a expulsam e a querem presa”, alertou de lá, e previu, citando o Salmo 22:26 do Antigo Testamento, que “os pobres comerão e se fartarão, e aqueles que o buscam louvarão o Senhor”.

E ela declarou, em meio a aplausos estrondosos: “Nunca desanimem; eles não banirão nossa esperança, eles não banirão nossa luta.”

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